Hoje é o Dia
Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização e Legalização do Aborto, e
não é de hoje que penso neste tema tão discutido, sempre tive duvidas de que
lado estar, ou que opinião formar. Por muito tempo achei que era errado o
aborto, logo eu era religiosa e sempre olhava pelo lado de Deus, se ele iria
gostar ou não, fui daquelas que dizia a famosa frase: Se fizeram agora aguentem.
Com o tempo mudei de opinião.
Antes condenava
quem ao menos cogitava a hipótese de abortar, para mim era uma criminosa e não
merecia perdão de Deus, depois de algum tempo cheguei à seguinte conclusão: O
corpo não é meu, o filho também não e a vida muito menos, para quê condenar quem aborta? É algo
pessoal e não é da conta de ninguém, muito menos da minha. Concordo com a legalização
do aborto, a mulher tem poder do seu próprio corpo, ou deveria ter se não fosse
tanta gente dando pitaco. Porém, concordo que a criança não tem culpa com a irresponsabilidade
dos pais então é aí que fico pensando e me enchendo de duvidas. É um ponto que
ainda penso, mas isso vai da visão de cada um.
BREVE RESUMO DE
VIDA
Minha mãe
engravidou aos 23 anos, ela trabalhava como doméstica em casa de família e
mantinha um namoro não tão declarado as pessoas, quando soube que estava grávida
a primeira coisa que fez foi contar ao namorado que sem pensar virou as costas,
seu pai por sua vez a expulsou de casa e quem a colheu foi à família onde ela trabalhava.
Um ano depois seu pai aceitou de volta, mas ela continuou morando na casa da família
que acolheu e só ia para a casa dos pais nos fins de semana, que ficava na zona
rural do interior do Ceará. Dezenove anos depois meu avô ainda não gosta de mim
e não temos uma boa relação familiar e continuo morando na casa de família.
VOLTANDO
Vocês devem se
perguntar por que eu falei tudo isso e eu me pergunto por que ela não abortou,
ela tinha todos os motivos para isso e tenho consciência que se tivesse feito
muita coisa hoje seria diferente, não estou sendo mal agradecida, pelo
contrario, a admiro por ter enfrentado tudo o que enfrentou e enfrenta por
minha causa. Porem, eu não teria feito a mesma coisa, fico me imaginando hoje –
com dezenove anos – grávida. Se não tenho lugar nem para mim, como terei para
um bebê? E como trabalhar, quem irá me ajudar. Minha mãe? Minha mãe mal tem
para ela vai ter para uma irresponsabilidade minha. Ter um filho é coisa séria
e eu não estou pronta para algo assim. Sim, eu faria um aborto, mesmo que me
chamassem de egoísta, de vadia e me colocassem na cruz. O corpo é meu e só eu saberia
onde o sapato apertaria isso deve ser um direito meu!
Mas devemos
também compreender que nem toda pessoa que é a favor da legalização do aborto
faria o mesmo, muitas mulheres não faria consigo, mas não recriminam que faria.
Entendem que isso é uma escolha que envolve o casal, na realidade nunca sabemos
as reais situações de uma mulher e devemos respeitar a decisão. Quando penso
nessa possibilidade de engravidar eu sinto minhas pernas ficarem bambas, eu não
teria a coragem de seguir em frente com uma gravidez e já deixei claro isso.
Pode parecer
cruel da minha parte, mas é assim que penso e por motivos de um dia ter que
abortar que tomo mil e um cuidados, tenho exemplo em casa e isso para mim é
mais do que o suficiente, guardo receio, não só meu, mas de minha mãe. Existem vários
fatores que levam a crer que abortar é errado, a religião é o maior deles, mas
se o vaticano condena quem aborta, por que o mesmo condena quem usa camisinha?
E algo bem contraditório, não? Sabemos que usando camisinha diminuímos a
possibilidade de adquirir algum tipo de doença e consequentemente gravidez.
Não queremos nada, só o direito de fazermos o que quisermos com nossos corpos,
e mesmo que a legalização não seja aprovada muitos abortos acontecerão, dentro
de casa onde não se tem uma assistência medica e que aumentara as chances de
complicação podendo levar até a morte. Não estou desrespeitando a vida, só expondo minha opinião.
PS: Enquanto escrevia eu liguei para minha mãe e perguntei o
motivo de não ter abortado, ela não soube responder. E acho que nunca saberei.
Sim a mulher tem poder sobre seu próprio corpo , mas acontece que um bebe, não é mais seu corpo é um corpo de outro ser e que tem o direito de viver,e de ser feliz de ver o céu de crescer casar ter filhos e ser feliz sim !se não quer ter o bebe entregue a alguém que quera telo, hoje as pessoas brigam pela guarda de uma criança,a diferença entre você e um embrião de 11 dias,é só o tempo , ele tem 11 dias e você anos, só isso, ele é uma vida e não um câncer dentro de você que precisa ser arrancado.
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