sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SIM, SOU A FAVOR DA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO


   Hoje é o Dia Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização e Legalização do Aborto, e não é de hoje que penso neste tema tão discutido, sempre tive duvidas de que lado estar, ou que opinião formar. Por muito tempo achei que era errado o aborto, logo eu era religiosa e sempre olhava pelo lado de Deus, se ele iria gostar ou não, fui daquelas que dizia a famosa frase: Se fizeram agora aguentem. Com o tempo mudei de opinião.
     Antes condenava quem ao menos cogitava a hipótese de abortar, para mim era uma criminosa e não merecia perdão de Deus, depois de algum tempo cheguei à seguinte conclusão: O corpo não é meu, o filho também não e a vida muito menos, para quê             condenar quem aborta? É algo pessoal e não é da conta de ninguém, muito menos da minha. Concordo com a legalização do aborto, a mulher tem poder do seu próprio corpo, ou deveria ter se não fosse tanta gente dando pitaco. Porém, concordo que a criança não tem culpa com a irresponsabilidade dos pais então é aí que fico pensando e me enchendo de duvidas. É um ponto que ainda penso, mas isso vai da visão de cada um.

    BREVE RESUMO DE VIDA
     Minha mãe engravidou aos 23 anos, ela trabalhava como doméstica em casa de família e mantinha um namoro não tão declarado as pessoas, quando soube que estava grávida a primeira coisa que fez foi contar ao namorado que sem pensar virou as costas, seu pai por sua vez a expulsou de casa e quem a colheu foi à família onde ela trabalhava. Um ano depois seu pai aceitou de volta, mas ela continuou morando na casa da família que acolheu e só ia para a casa dos pais nos fins de semana, que ficava na zona rural do interior do Ceará. Dezenove anos depois meu avô ainda não gosta de mim e não temos uma boa relação familiar e continuo morando na casa de família.

     VOLTANDO

     Vocês devem se perguntar por que eu falei tudo isso e eu me pergunto por que ela não abortou, ela tinha todos os motivos para isso e tenho consciência que se tivesse feito muita coisa hoje seria diferente, não estou sendo mal agradecida, pelo contrario, a admiro por ter enfrentado tudo o que enfrentou e enfrenta por minha causa. Porem, eu não teria feito a mesma coisa, fico me imaginando hoje – com dezenove anos – grávida. Se não tenho lugar nem para mim, como terei para um bebê? E como trabalhar, quem irá me ajudar. Minha mãe? Minha mãe mal tem para ela vai ter para uma irresponsabilidade minha. Ter um filho é coisa séria e eu não estou pronta para algo assim. Sim, eu faria um aborto, mesmo que me chamassem de egoísta, de vadia e me colocassem na cruz. O corpo é meu e só eu saberia onde o sapato apertaria isso deve ser um direito meu!
     Mas devemos também compreender que nem toda pessoa que é a favor da legalização do aborto faria o mesmo, muitas mulheres não faria consigo, mas não recriminam que faria. Entendem que isso é uma escolha que envolve o casal, na realidade nunca sabemos as reais situações de uma mulher e devemos respeitar a decisão. Quando penso nessa possibilidade de engravidar eu sinto minhas pernas ficarem bambas, eu não teria a coragem de seguir em frente com uma gravidez e já deixei claro isso.
     Pode parecer cruel da minha parte, mas é assim que penso e por motivos de um dia ter que abortar que tomo mil e um cuidados, tenho exemplo em casa e isso para mim é mais do que o suficiente, guardo receio, não só meu, mas de minha mãe. Existem vários fatores que levam a crer que abortar é errado, a religião é o maior deles, mas se o vaticano condena quem aborta, por que o mesmo condena quem usa camisinha? E algo bem contraditório, não? Sabemos que usando camisinha diminuímos a possibilidade de adquirir algum tipo de doença e consequentemente gravidez. Não queremos nada, só o direito de fazermos o que quisermos com nossos corpos, e mesmo que a legalização não seja aprovada muitos abortos acontecerão, dentro de casa onde não se tem uma assistência medica e que aumentara as chances de complicação podendo levar até a morte. Não estou desrespeitando a vida, só expondo minha opinião.

PS: Enquanto escrevia eu liguei para minha mãe e perguntei o motivo de não ter abortado, ela não soube responder. E acho que nunca saberei.

Um comentário:

  1. Sim a mulher tem poder sobre seu próprio corpo , mas acontece que um bebe, não é mais seu corpo é um corpo de outro ser e que tem o direito de viver,e de ser feliz de ver o céu de crescer casar ter filhos e ser feliz sim !se não quer ter o bebe entregue a alguém que quera telo, hoje as pessoas brigam pela guarda de uma criança,a diferença entre você e um embrião de 11 dias,é só o tempo , ele tem 11 dias e você anos, só isso, ele é uma vida e não um câncer dentro de você que precisa ser arrancado.

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