quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O Desprezo dos Corpos

Sinta meu corpo nu
Ele está cru
Igual aquele dia de sol
Aquele dia que você o despiu
Ele é tão quente que você não pode chegar perto
Porque ele não precisa do seu para estar assim
Não dos seus seios
Não das suas mãos
Não da sua boca
Em sua cama nunca ficou meu cheiro
Ela tinha outros cheiros que não coube o meu
Meu corpo demorou em entender que seria moradia de
vários outros corpos
Corpos iguais e tão diferentes do seu
Ele ficou morto por tempos, mas em algum momento
acordou.
Porque existem outros olhos
Outros cabelos
E disso sabíamos
Mas nos permitimos a sofrer por necessidade
Mas ele está nu
E teu tesão não o pertence mais
Nem sua fantasia
Agora ele tem mil moradias
Que o deixam tão quente quanto
Nu.