Olha só como o mundo dá voltas, estava lá eu pensando sobre
meus apelidos de escola que não gosto muito de mencionar por todos serem
relacionados ao meu peso, fiquei refletindo que naquela época, 2004 se não me
engano, isso era levado como zuação, não conhecíamos o termo bullying e tão pouco
seu significado. Até hoje tenho péssimas lembranças daquele tempo, por um bom
tempo fui à única gordinha da turma e sempre carregava apelidos chatos e que me
deixava bastante triste, mas parece que não serviu de exemplo para os anos
seguintes. Quero escrever sobre o que aconteceu para que futuramente quem tenha
lido esse post e já sofreu algum tipo de bullying, pense duas vezes antes de rir
de alguém.
No 8° ano do ensino
fundamental estudava comigo um garoto como qualquer outro, ele era muito pobre,
não era bonito para ninguém da sala, mal tinha roupa, andava fedido, seu andar
era associado ao de um pato e tinha uma voz rouca, que de tão rouca nós começamos
a chamá-lo de Pato Rôco, não quero falar aqui seu verdadeiro nome então vou
colocar suas iniciais, R. C. Ele era inteligente, tinhas suas dificuldades como
os todos os estudantes da sala o que é natural, era apaixonado pela minha
melhor amiga de turma e por isso sofria bullying por todos e não só de nossa
classe como das outras também, inclusive de eu várias vezes falei mer** para
ele, muitas outras vezes houve momentos de humilhação por ele não ser o mais
bonito, por ele gostar da garota mais bonita da sala entre outras coisas. Ele
sempre aguentou calado, muitas vezes demonstrou raiva, mas ninguém o levava a sério
e assim tudo acabava.
E você deve se
perguntar os motivos pelos quais estou escrevendo isso, mas sabe quando o velho
ditado “se arrependimento matasse eu estaria morta” faz sentido? Pois é, eu
estaria morta e bem enterrada. Depois de passados sete anos eu voltei a lembrar
de tudo que aconteceu e só conseguir sentir uma coisa de mim mesma: nojo, muito
nojo pelo que fiz e ajudei a fazer com ele. Como pude estar na posição de
julgá-lo, e julgá-lo de quê? O que ele fez de mal a mim ou a outra pessoa?
Nada! Absolutamente nada. Quem sou eu para querer ser melhor do que ele ou você?
Senti-me e ainda me sinto a pessoa mais hipócrita do mundo, logo eu que fui/sou
motivo de piadas pela aparência, que naquela época já tinha sentido como era difícil
ser os centro das chacotas fiz igual ou pior do que fizeram comigo. Fui capaz
de rir de alguém por não ter condições te andar com boas roupas, usar bons perfumes
e não ter a aparecia com de príncipe. E sabe o mais irônico, eu cometia
bullying com ele por gostar da minha colega e não ter chance alguma com ela e
eu gostava de uma cara da mesma sala que também gostava da mesma menina que p
R. C. Nunca fiquei com ele.
O que quero dizer
é que nem sempre o castigo ensina, eu fui aprender e me arrepender anos depois,
justamente por estar passando por um momento em que está sendo difícil aceitar
meu corpo como ele é, estou extremamente arrependida (estou repetindo muito
esta palavra, mas não consigo achar outra para usar) pelo que fiz e se pudesse
voltaria no tempo e não posso. Fico imaginando se hoje ele tem algum tipo de
problema pelo que fizemos com ele na escola, acredito que sim, eu mesma não
esqueço os apelidos que levei, e esqueci, na hora em que eu deveria mais
lembrar. Faz muito tempo que não o vejo pela cidade, nem sei se ainda mora
aqui, sempre que o via no centro acenava com a cabeça e ele respondia, espero
que ele tenha me perdoado assim como os outros idiotas como eu que fizemos
besteira com ele, e que a sensação de ter sido uma cretina hipócrita não saia
tão cedo de mim para que isso não venha acontecer nem em sonho.
A gente faz muita bobagem quando é criança, depois cresce e esquece. Nos tornamos adultos e repetimos os erros. Ou não, as vezes nos arrependemos, carregamos tanta culpa e remorso que mudamos e jamais repetimos os erros.
ResponderExcluirDessa vez estou arrependida e tenho certeza que não vou esquecer. Beijo, Rose. :D
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