segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O MUNDO É MESMO UM MOINHO.


Olha só como o mundo dá voltas, estava lá eu pensando sobre meus apelidos de escola que não gosto muito de mencionar por todos serem relacionados ao meu peso, fiquei refletindo que naquela época, 2004 se não me engano, isso era levado como zuação, não conhecíamos o termo bullying e tão pouco seu significado. Até hoje tenho péssimas lembranças daquele tempo, por um bom tempo fui à única gordinha da turma e sempre carregava apelidos chatos e que me deixava bastante triste, mas parece que não serviu de exemplo para os anos seguintes. Quero escrever sobre o que aconteceu para que futuramente quem tenha lido esse post e já sofreu algum tipo de bullying, pense duas vezes antes de rir de alguém.
     No 8° ano do ensino fundamental estudava comigo um garoto como qualquer outro, ele era muito pobre, não era bonito para ninguém da sala, mal tinha roupa, andava fedido, seu andar era associado ao de um pato e tinha uma voz rouca, que de tão rouca nós começamos a chamá-lo de Pato Rôco, não quero falar aqui seu verdadeiro nome então vou colocar suas iniciais, R. C. Ele era inteligente, tinhas suas dificuldades como os todos os estudantes da sala o que é natural, era apaixonado pela minha melhor amiga de turma e por isso sofria bullying por todos e não só de nossa classe como das outras também, inclusive de eu várias vezes falei mer** para ele, muitas outras vezes houve momentos de humilhação por ele não ser o mais bonito, por ele gostar da garota mais bonita da sala entre outras coisas. Ele sempre aguentou calado, muitas vezes demonstrou raiva, mas ninguém o levava a sério e assim tudo acabava.
    E você deve se perguntar os motivos pelos quais estou escrevendo isso, mas sabe quando o velho ditado “se arrependimento matasse eu estaria morta” faz sentido? Pois é, eu estaria morta e bem enterrada. Depois de passados sete anos eu voltei a lembrar de tudo que aconteceu e só conseguir sentir uma coisa de mim mesma: nojo, muito nojo pelo que fiz e ajudei a fazer com ele. Como pude estar na posição de julgá-lo, e julgá-lo de quê? O que ele fez de mal a mim ou a outra pessoa? Nada! Absolutamente nada. Quem sou eu para querer ser melhor do que ele ou você? Senti-me e ainda me sinto a pessoa mais hipócrita do mundo, logo eu que fui/sou motivo de piadas pela aparência, que naquela época já tinha sentido como era difícil ser os centro das chacotas fiz igual ou pior do que fizeram comigo. Fui capaz de rir de alguém por não ter condições te andar com boas roupas, usar bons perfumes e não ter a aparecia com de príncipe. E sabe o mais irônico, eu cometia bullying com ele por gostar da minha colega e não ter chance alguma com ela e eu gostava de uma cara da mesma sala que também gostava da mesma menina que p R. C. Nunca fiquei com ele.
     O que quero dizer é que nem sempre o castigo ensina, eu fui aprender e me arrepender anos depois, justamente por estar passando por um momento em que está sendo difícil aceitar meu corpo como ele é, estou extremamente arrependida (estou repetindo muito esta palavra, mas não consigo achar outra para usar) pelo que fiz e se pudesse voltaria no tempo e não posso. Fico imaginando se hoje ele tem algum tipo de problema pelo que fizemos com ele na escola, acredito que sim, eu mesma não esqueço os apelidos que levei, e esqueci, na hora em que eu deveria mais lembrar. Faz muito tempo que não o vejo pela cidade, nem sei se ainda mora aqui, sempre que o via no centro acenava com a cabeça e ele respondia, espero que ele tenha me perdoado assim como os outros idiotas como eu que fizemos besteira com ele, e que a sensação de ter sido uma cretina hipócrita não saia tão cedo de mim para que isso não venha acontecer nem em sonho.

2 comentários:

  1. A gente faz muita bobagem quando é criança, depois cresce e esquece. Nos tornamos adultos e repetimos os erros. Ou não, as vezes nos arrependemos, carregamos tanta culpa e remorso que mudamos e jamais repetimos os erros.

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  2. Dessa vez estou arrependida e tenho certeza que não vou esquecer. Beijo, Rose. :D

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