terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Solitário

     O vento bate no cabelo fazendo bagunçar ele todo, o pensamento está mais longe do que nunca, talvez seja hora de admitir para o psicólogo que esse tal amor também faz um mal danado, um amor que nunca mais irá voltar, nunca, nunca, nunca mais. O remédio parece que fez as lágrimas secarem, as músicas que antes faziam elas caírem já não fazem mais, o efeito é grandioso, e elas teimam em ficar guardadas. Existe uma sensação de bem estar, mas existe outra que é de estar dopada. Dois lados da moeda.
    Quão humilhante é necessitar de remédio para ser "feliz", para tentar enxergar o futuro e a própria palma da mão. Ter que admitir que é possível fazer tudo sozinha mas tem medo, medo de sair da zona de conforto, medo de arriscar mais, tudo tão devidamente calculado e arquitetado. É humilhante porque isso se aprende sozinho, mas e quando não se sabe ser sozinho? A solidão imposta é horrível, e mais horrível quando você mesma se aprisiona.
     São 22:00 horas, a casa toda dorme, há silêncio e escuridão, silêncio quebrado com o cordeirinho fazendo sua bagunça noturna, com o barulho do vento que bate na palha da carnaúba e faz um som estranho, tão solitário quando o peito. A noite é de lua nova, não é preciso sair no terreiro com uma lanterna. Da janela frontal aberta se ver o alpendre, as estrelas, a luz do luar, as carnaúbas e tudo que a vista alcança da rede. As estrelas parecem mudar de cor, a luz do avião parece confundir, mas é um avião. O avião. É solitário.
    
   

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