terça-feira, 17 de julho de 2012

ANDORINHA


     A garota estava na porta de casa mais uma vez, como alguém que não quer nada, mas no fundo o coração estava a mil. Coragem não tinha, mas era hora de encontrar para usá-la, queria sair na chuva e correr atrás da felicidade perdida. Pena que ainda não sabia para onde ir. Não sabia que direção andar e nem pegar a condução, talvez fosse pela rua da esquerda ou direita, mas tinha que ir embora. Não se sentia bem naquele lugar e sentia a necessidade de conhecer coisas novas.
     A chuva amenizou, e ela então pensou: “talvez agora sim”. A menina que mal tinha saído das fraudas e já queria sair sem destino traçado, contando apenas com a sorte e a vontade de mudar. E eu observava tudo atentamente sem perder nenhum detalhe se quer, sempre fui fascinado pela garota dos cabelos leves e a pele clara, ela era linda e estava em sua plena juventude, e tudo aquilo me encava nela, mas era algo platônico e sem chances de acontecer. Uma menina de quinze anos e eu com os meus vinte e sete nas costas.
     Ela então saiu quando o sol já estava indo embora e foi na direção dele que ela sumiu no fim da rua, apenas levava uma mochila que pelo volume deveria ter suas roupas. Depois deste fim de tarde nada foi à mesma coisa, não tinha mais a garota para eu apreciar a beleza na porta de casa, no fundo senti falta da presença da pequena garota que tanto me encantava nos fim de tarde daquele ano. Com o tempo eu a esqueci.
     Depois de alguns anos, em algum lugar por onde estive eu a vi, sim, eu reconheci a pequena que agora era uma grande mulher, linda. Os cabelos continuavam praticamente iguais, sua face pouco mudara e a pele não era mais como antes, era marcada pelo sol. Fiquei olhando e imaginando o que fazia ali tão alheia a minha presença, senti vontade de ir até ela e conversar um pouco, quem sabe eu me reconheceria... Ou não. Tinha curiosidade de saber por onde andara os lugares que conheceu e as dificuldades que enfrentou, mas preferi apenas ficar ali, parado longe dela, apenas observando até que ela se levantasse e fosse embora novamente.

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